Mito, animalização e antropomorfização das plantas
continuidade poética na literatura agrária latina
DOI:
https://doi.org/10.24277/classica.v36.2023.1055Palavras-chave:
Literatura agrária latina; mito; metonímia; animalização; prosopopeia; tradição.Resumo
Neste artigo, desejamos examinar três partes de obras pertencentes à literatura agrária latina. Essas obras são o canto II das Geórgicas de Virgílio, o livro X do De re rustica de Columela e o livro XV de Opus agriculturae de Rutílio Paládio. De fato, esses autores, retrospectivamente considerados, não apenas citam uns aos outros, mas ainda adotam procedimentos compositivos semelhantes. Em geral, as partes das obras de Virgílio, Columela e Paládio que comentaremos são poéticas e concedem vivacidade a temas botânicos, notoriamente, por meio de reiterados empregos do mito, da animalização ou da atribuição de “humanidade” às plantas. Então, tecem uma rede em que técnicas de escrita similares não se dão de forma isolada, mas coexistem dentro de uma tradição.
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