O arbusto sangrando à letra
uma experiência de tradução do episódio de Polidoro na Eneida
DOI:
https://doi.org/10.24277/classica.v38.2025.1122Palavras-chave:
tradução literal; literalidade; Berman; Eneida; Polidoro.Resumo
Este artigo apresenta uma tradução experimental de uma passagem da Eneida (III, 1-72) tradicionalmente conhecida como “O arbusto sangrento” ou “O túmulo de Polidoro”. O episódio, que combina elementos trágicos, prodigiosos e éticos, insere-se no contexto das errâncias de Eneias após a destruição de Troia, marcando uma etapa decisiva na construção da narrativa épica e no desenvolvimento do caráter do herói. A tradução foi realizada a partir da noção de literalidade proposta por Antoine Berman, que não se limita à reprodução mecânica da ordem das palavras do texto original, mas busca incorporar à língua de chegada traços estruturais característicos da língua de partida. Por conseguinte, a tradução visa a preservar a densidade expressiva e a alteridade do texto virgiliano, mantendo recursos como a sintaxe fragmentada do latim, ao mesmo tempo que se esforça para não ultrapassar certos limites de inteligibilidade e fluidez da língua luso-brasileira. Por fim, a discussão teórica enfatiza como a literalidade, assim compreendida, pode transformar a tradução em um espaço de diálogo entre culturas, enquanto pondera também sobre desafios e possibilidades éticas e estéticas envolvidas nesse processo.
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