O escudo de Aquiles e a ilusão de sua singularidade na Ilíada
DOI:
https://doi.org/10.24277/classica.v38.2025.1129Palavras-chave:
Ilíada; escudo de Aquiles; thauma; deinos; receptorResumo
Em Il. 18. 478-608, há a longa e muito discutida écfrase do escudo de Aquiles. O narrador homérico se esmera na narrativa da confecção de Hefesto para o melhor dos aqueus, levando o receptor ao maravilhamento diante de tal criação, em particular do escudo do herói. Devido a essa longa narração, pode-se ter a impressão de que o escudo de Aquiles, assim como suas armas, é especial e incomparável a qualquer outro conjunto de armas no contexto da Ilíada, mas isso não é verdade. O escudo de Aquiles gera nas outras personagens a mesma comoção que outros escudos e objetos bélicos mostrados no poema, todos eles em geral qualificados de modo tal a produzir em nós, os receptores, thauma (“maravilhamento”). Neste artigo, serão exploradas as reações causadas pelas armas de Aquiles e em que medida essas equivalem àquelas das armas de outros heróis. Também será discutido como thauma e deinos (“assombroso”) podem indicar a mesma expectativa de maravilhamento do público.
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