O escudo de Aquiles e a ilusão de sua singularidade na Ilíada

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24277/classica.v38.2025.1129

Palavras-chave:

Ilíada; escudo de Aquiles; thauma; deinos; receptor

Resumo

Em Il. 18. 478-608, há a longa e muito discutida écfrase do escudo de Aquiles. O narrador homérico se esmera na narrativa da confecção de Hefesto para o melhor dos aqueus, levando o receptor ao maravilhamento diante de tal criação, em particular do escudo do herói. Devido a essa longa narração, pode-se ter a impressão de que o escudo de Aquiles, assim como suas armas, é especial e incomparável a qualquer outro conjunto de armas no contexto da Ilíada, mas isso não é verdade. O escudo de Aquiles gera nas outras personagens a mesma comoção que outros escudos e objetos bélicos mostrados no poema, todos eles em geral qualificados de modo tal a produzir em nós, os receptores, thauma (“maravilhamento”). Neste artigo, serão exploradas as reações causadas pelas armas de Aquiles e em que medida essas equivalem àquelas das armas de outros heróis. Também será discutido como thauma e deinos (“assombroso”) podem indicar a mesma expectativa de maravilhamento do público.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Gabriela Canazart, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil

    Doutoranda em Letras Clássicas, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil

Referências

ANDERSEN, Øivind. Some thoughts on the shield of Achilles. Symbolae Osloenses, v. 51, p. 5-18, 1976.

BECKER, Andrew Sprague. The shield of Achilles and the poetics of ekphrasis. Lanham: Rowman & Littlefield, 1995.

BRAM, Shahar. Ekphrasis as a shield. ekphrasis and the mimetic tradition. Word & Image, v. 22, n. 4, p. 372-8, 2006.

CANAZART, Gabriela. A presença da guerra nos símiles de proteção materna da Ilíada. Nuntius Antiquus, v. 17, n. 2, p. 329-53, 2022. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/nuntius_antiquus/article/view/35186. Acesso em: 27 maio 2025.

CANAZART, Gabriela. Unveiling the hidden warfare in maternal protection similes of the Iliad. Scrutiny2, p. 1-16, 2024. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/18125441.2024.2316351. Acesso em: 27 maio 2025.

CANEVARO, Lilah Grace. Women of substance in Homeric epic. Objects, gender, agency. Oxford: Oxford University Press, 2018.

CORAY, Marina. Homer’s Iliad: The Basel commentary. Book XIX. Tradução de Benjamin W. Millis e Sara Strack. Boston; Berlim: De Gruyter, 2016.

DE JONG, Irene J. F. The shield of Achilles: from metalepsis to mise en abyme. Ramus, v. 40, n. 1, p. 1-14, 2011.

FOLEY, John Miles. Homer’s traditional art. Pennsylvania: Pennsylvania State University Press, 1999.

HOMERO. Ilíada. Tradução de Christian Werner. São Paulo: Ubu, 2018.

HUBBARD, Thomas K. Nature and art in the shield of Achilles. Arion, v. 2, p. 16-41, 1992.

HUNZINGER, Christine. Wonder. In: DESTRÉE, Pierre; MURRAY, Penelope (ed.). A companion to ancient aesthetics. Chichester: Wiley Blackwell, 2015, p. 422-37.

LYNN-GEORGE, Michael. Epos word, narrative and the Iliad. Basingstoke: Macmillan Press, 1988.

MOULTON, Carroll. Similes in the Homeric poems. Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1977.

MUNRO, David B.; ALLEN, Thomas W. Homeri Opera. Oxford: Clarendon Press, 1920.

PORTER, James I. Homer. The very idea. Chicago; Londres: The University of Chicago Press, 2021.

PURVES, Alex C. Space and time in ancient Greek narrative. New York: Cambridge University Press, 2010.

READY, Jonathan L. The Homeric simile in comparative perspectives: oral traditions from Saudi Arabia to Indonesia. Oxford: Oxford University Press, 2017.

STOEVESANDT, Magdalene. Homer’s Iliad: the Basel commentary. Book VI. Tradução de Benjamin W. Millis e Sara Strack. Boston; Berlim: De Gruyter, 2016.

TURKELTAUB, Daniel. Perceiving Iliadic gods. Harvard Studies in Classical Philology, v. 103, p. 51-81, 2017.

WEIL, Simone. A Ilíada ou o poema da força. In: WEIL, Simone. A condição operária e outros estudos sobre a opressão. Organização de Ecléa Bosi. Tradução de Therezinha G. G. Langlada. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, p. 319-44.

WERNER, Christian. Beauty in war? Creation and destruction in Homer’s Iliad. In: BRASETE, Maria Fernanda; MORAIS, Carlos (ed.). Achilles beyond Fury. Other faces of the hero. Newcastle Upon Tyne: Cambridge Scholars Publishing, 2024, p. 13-29.

Downloads

Publicado

2025-07-08

Como Citar

Canazart, G. (2025). O escudo de Aquiles e a ilusão de sua singularidade na Ilíada. Classica - Revista Brasileira De Estudos Clássicos, 38, 1-19. https://doi.org/10.24277/classica.v38.2025.1129