O riso como reflexão filosófica em Luciano
DOI:
https://doi.org/10.24277/classica.v32i1.733Palavras-chave:
Luciano, riso, Diálogos dos Mortos, filosofia.Resumo
A obra de Luciano é amplamente conhecida por sua dimensão satírica, embora seu aspecto filosófico – nem sempre reconhecido por seus estudiosos – seja imprescindível para que se compreendam suas estratégias cômicas. O objetivo do presente texto é buscar e analisar os fundamentos do riso nesse autor – sobretudo a partir de seus Diálogos dos mortos –, a fim de oferecer uma nova compreensão das dificuldades frequentemente associadas a essa obra. Para isso, sugeriremos a dimensão filosófica do riso luciânico, tal como indica seu diálogo com a reflexão de filósofos sobre o tema (principalmente na vertente platônica presente no Filebo). Além disso, desenvolveremos considerações sobre certos “problemas” específicos suscitados pela obra (tal como o silêncio de Odisseu), sugerindo haver conexões entre eles e nossa interpretação mais geral. Desse modo, pretendemos reforçar a corrente de intérpretes que enxerga e defende a dimensão filosófica da obra de Luciano, em contraposição ao que é o entendimento tradicional acerca desse autor.
Downloads
Referências
ANDRIES, Lise. Querelles et dialogues des morts au XVIIIe siècle. Littératures classiques, n. 81, v. 2, p. 131-46, 2013.
ARAÚJO, Nabil. O postulado do “realismo formal” no Brasil: da tautologia nacional à profissão de fé. O eixo e a roda: Revista de Literatura Brasileira, v. 24, n. 2, p. 139-56, 2015a.
ARAÚJO, Nabil. Do romance: entre a “lei do gênero” e a “lei do gênio”. Eutomia: Revista de Literatura e Linguística, v. 16, n. 1, p. 118-36, 2015b.
AVELLAR, Júlia Batista Castilho de. Uma “Literatura da Teoria”: o romance na Antiguidade Clássica e no Romantismo Alemão. Palestra proferida durante a IX Semana da Letras e VIII SPLIT (Semana de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários), na FALE/UFMG (Belo Horizonte), em 23 out. 2018.
BAKHTINE, Mikhaïl. Problèmes de la Poétique de Dostoïevski. Traduit par Guy Verret. Lausanne: Éditions l’Âge d’Homme, 1970.
BALDWIN, Barry. Lucian as Social Satirist. The Classical Quarterly, v. 11, n. 2, p. 199-208, 1961.
BARTLEY, Adam. Techniques of Composition in Lucian’s Minor Dialogues. Hermes, v. 133, n. 3, p. 358-67, 2005.
BERGSON, Henri. Le rire. Essai sur la signification du comique. Paris: Félix Alcan, 1938.
BOMPAIRE, Jacques. Lucien Écrivain. Imitation et création. Paris: Boccard, 1958.
BRANDÃO, Jacyntho Lins. Diálogos dos mortos sobre os vivos. In: LUCIANO. Diálogos dos mortos. Tradução e notas de Maria Celeste Consolin Dezotti. São Paulo: Hucitec, 1996, p. 11-44.
BRANDÃO, Jacyntho Lins. A invenção do romance. Narrativa e mimese no romance grego. Brasília: UnB, 2005.
BRANDÃO, Jacyntho Lins. A Poética do Hipocentauro. Literatura, sociedade e discurso ficcional em Luciano de Samósata. Belo Horizonte: UFMG, 2001.
BRANHAM, Robert B. Unruly eloquence. Lucian and the comedy of traditions. Cambridge: Cambridge University Press, 1989.
HALLIWELL, Stephen. Greek laughter. A study of cultural psychology from Homer to early Christianity. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.
HOMER. The Odyssey. With an English Translation by A. T. Murray. Cambridge & London: William Heinemann & Harvard University Press, 1919. 2 v.
LACOUE-LABARTHE, Philippe; NANCY, Jean-Luc. L’Absolu littéraire. Théorie de la littérature du romantisme allemand. Paris: Éditions du Seuil, 1978.
LUCIAN. Dialogues of the Dead. In: ______. Complete Works. With an English translation by M. D. Macleod. Cambridge: William Heinemann & Harvard University Press, 1961. v. 7.
LUCIAN. Verae Historiae. In: ______. Lucian’s Works. With an English Translation by A. M. Harmon. Cambridge: William Heinemann & Harvard University Press, 1913.
LUCIANO. Diálogos dos mortos. Trad. Henrique G. Murachco. São Paulo: Palas Athena/USP, 2007.
LUCIANO. Luciano IV. Trad. Custódio Magueijo. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013.
MEDEIROS, Constantino Luz de. Invenção da modernidade literária. Friedrich Schlegel e o romantismo alemão. São Paulo: Iluminuras, 2018.
MIRANDA, Jorge Cunha Conrado de. O Mito de Er, apresentado na República de Platão, como chave para a leitura do romance Ulysses, de James Joyce. Comunicação proferida durante o XX Congresso da SBEC: Público e privado na Antiguidade, na UFOP (Mariana), em 20 nov. 2015.
MÖLLENDORF, Peter von. Lukians Dialogkorpora: Ein äethetisches Experiment. In: HEMPFER, Klaus; TRANINGER, Anita (Hrsg.): Der Dialog im Diskursfeld seiner Zeit: Von der Antike bis zur Aufklärung. Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 2010, p. 75-94.
PLATÃO. Filebo. Texto grego por John Burnet; trad. Fernando Muniz. Rio de Janeiro: PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2012.
PLATÃO. A República de Platão. 2. ed. Organização e tradução de Jacó Guinsburg; notas de Daniel Rossi Nunes Lopes. São Paulo: Perspectiva, 2014. (Obras, 1).
PLATO. Platonis Opera. Ed. John Burnet. Oxford: Oxford University Press, 1903.
RELIHAN, Joel C. Vainglorious Menippus in Lucian’s “Dialogues of the Dead”. Illinois Classical Studies, v. 12, n. 1, p. 185-206, 1987.
SILVA, Rafael. The laughter within the Dialogues of the dead. Revele, n. 8, p. 95-109, 2015.
WATT, Ian. A ascensão do romance. Estudos sobre Defoe, Richardson e Fielding. São Paulo: Cia. das Letras, 2007.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online após o processo editorial (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal), já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d. Autores autorizam a cessão, após a publicação, de seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais, bases de dados de acesso público e similares.