Sucessão imperial e legitimidade política na Roma antiga
Nero entre a herança familiar e o republicanismo (54 d.C.)
DOI:
https://doi.org/10.24277/classica.v34i2.917Palavras-chave:
legitimidade, política, Nero, sucessão, herança familiar, republicanismo, principadoResumo
Este artigo tem por objetivo analisar os mecanismos de legitimidade associados ao exercício do poder imperial durante o início do Principado de Nero (54), momento de transição política para um novo governo em Roma. Por não haver regras definidas de sucessão, a legitimidade se constituía como questão fundamental na consolidação do novo principado. O modelo político criado a partir de Augusto e herdado por Nero deixava ambíguo o status do príncipe perante as elites, o que tornava ainda mais imperativa a construção de princípios de legitimação capazes de trazer segurança ao regime. Analisaremos duas formas de legitimidade possíveis nesse contexto: aquela derivada da herança familiar e dependente da ancestralidade, e a que podemos chamar de legitimidade cidadã, inclinada ao republicanismo.
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