Machado de Assis, leitor de Homero

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24277/classica.v33i1.903

Palavras-chave:

Machado de Assis, Recepção, Literaturas Clássicas, Homero, Ilíada, Odisseia.

Resumo

No presente estudo, analiso a produção ficcional do escritor Machado de Assis relativa à década de 1870, quando o autor brasileiro, após ter-se dedicado à poesia e ao teatro, estreou no gênero romance, produzindo quatro obras no período: Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878). Focalizando o tema dos diálogos (Bakhtin, 2002 [1929]) que o autor estabelece em sua narrativa com as literaturas grega e romana produzidas na Antiguidade Clássica, objetivo demonstrar que, dentre os modelos destas matrizes que Machado versou continuadamente como autor-leitor, destaca-se o nome de Homero e os poemas épicos atribuídos a ele. Durante a análise das obras selecionadas, demonstro como a escolha das cenas homéricas imitadas, sobretudo da Ilíada, pelo futuro autor das Memórias Póstumas é importante para a construção de sua poética de revalorização da imitatio e da aemulatio que, aliada à sua visão aguda dos problemas sociais brasileiros, revoluciona a forma de se pensar o projeto de concepção de uma literatura nacional, em pleno contexto de ebulição do Romantismo, atravessando os limites desta escola e apontando saídas para a sua superação.

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Publicado

2020-05-31

Edição

Seção

Segunda parte. A recepção da figura de Alexandre e a refiguração da Antiguidade Clássica

Como Citar

Martins, E. F. (2020). Machado de Assis, leitor de Homero. Classica - Revista Brasileira De Estudos Clássicos, 33(1), 227-244. https://doi.org/10.24277/classica.v33i1.903